Jornal Estado de Minas, 19/11/17
Inovar é preciso, viver não é preciso. Parafraseando o poeta Fernando Pessoa, a certeza que temos hoje é da incerteza na nova realidade empresarial. Portanto, aprender a inovar não é mais uma escolha, é uma necessidade.
Algumas empresas grandes não inovaram e acabaram sucumbindo, como foi o caso da Kodak e da Blockbuster. Mas, como aprender a inovar e permanecer nesse novo mercado? A solução é aprender com os que estão inovando e gerando crescimento exponencial: as startups e, claro, aplicar o que faz sentido na empresa.
É transformar a ameaça numa oportunidade de ser mais rentável. Nesse contexto, muitas empresas já estão fazendo o seu dever de casa, o que pude observar na feira organizada pelo Governo de Minas Gerais e demais instituições, que reuniu mais de 50 mil pessoas em quatro dias no Expominas: Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (FINIT).
Em sua segunda edição, a feira trouxe um painel sobre esse tema: “Como as startups podem colaborar com as grandes empresas”. Nesse painel e em diversos painéis e palestras do evento, ficaram claros alguns pontos relevantes de aprendizado para as empresas tradicionais.
Um ponto muito frisado é a definição de um sonho grande e um motivo, um propósito para realizar o sonho, que quase sempre é fazer a empresa se tornar referência em algo e melhorar a vida de milhões de pessoas. Sonho e propósito são as molas propulsoras do time, eles promovem o engajamento.
Dessa forma, as startups atraem a nova geração que se conecta na possibilidade de realizar algo grande e na oportunidade de aprender coisas novas. São as experiências que os movem, nem tanto o financeiro.
No caso das startups, a tecnologia é o principal meio para realizar o sonho e impactar a vida do maior número de pessoas.
Já nas empresas tradicionais, a importância da tecnologia vem aumentando, conforme apontou o Gartner em seu Symposium, no final de outubro. Dessa forma, as empresas devem estar atentas sobre como utilizá-la para alcançar os sonhos e vivenciar o seu propósito.
Como os recursos são escassos, as startups adotam um pensamento enxuto, muita colaboração, empatia com o cliente e experimentação. É um ambiente mais flexível e criativo, onde errar é humano, mas permanecer no erro é proibido.
Dessa forma, a equipe tem mais autonomia para entender o problema do cliente, buscar soluções e, se errar, poder se reposicionar para acertar o mais cedo possível. O empowerment e a cultura do erro agilizam o processo de inovação.
Nesse sentido, empresas grandes como a Microsoft já adotam essas práticas de inovação, como por exemplo os hackatons, eventos nos quais os times podem desenvolver um projeto diferente do que faz no seu dia a dia.
Essa ideia foi abordada por Paula Bellizia Presidente, da Microsoft no Brasil, no evento sobre vídeos onlines da Sambatech, realizado em São Paulo, no início de novembro (07/11). Outras, como a 3M, incentivam que os membros da equipe destinem parte do tempo (10% a 20%) para inovar.
Como os líderes relatam, surge muita coisa maluca, mas no meio sempre há alguma ideia factível e rentável. Aprender e aplicar essas práticas vai começar a colocar a empresa tradicional no novo mundo. Claro que todo processo de inovação só tem sucesso com o suporte da liderança, portanto, é preciso que ela avalie as práticas de inovação das startups e aplique o que faz sentido para a organização.
Nesse momento, é preciso senso de urgência para aprender a inovar o mais rápido possível, para expandir e não sucumbir nesse novo ambiente. Afinal de contas, inovar é preciso, viver não é preciso.